sábado, 24 de abril de 2010

CICLOVIA MARGINAL PINHEIROS

CICLOVIA MARGINAL PINHEIROS

Somando-se às conquistas de espaço para os "ciclo cidadãos ", depois da Ciclo-Faixa de Domingo e da Rota Ciclo-Turística Marcia Prado, ganhamos no dia 27/02/10, a novíssima Ciclovia Marginal Pinheiros, na minha opinião o melhor e mais seguro local para se pedalar na cidade. Mas temos vários aspectos para falar sobre ela. A primeira coisa, é que na inauguração ela só contava com dois pontos de acesso ou seja, nas duas pontas e como a ciclovia tem mais de 14km de extensão, uma vez que você estivar dentro dela, só vai poder sair depois desta distância e se você precisar voltar ao ponto de partida, serão mais de 28kms e convenhamos, é uma distância bem considerável para ciclistas de fim de semana ou para novatos e crianças. Na foto acima o acesso feito pela passarela exclusiva que atravessa a marginal a partir da estação de trem Vila Olímpia da CPTM, a "dona" da ciclovia. Abaixo, podemos ver a outra ponta da ciclovia, que fica próxima das avenidas Miguel Yunes e Nossa Sra. do Sabará, perto do Autodromo de Interlagos. Lá tem um amplo estacionamento, onde é possível deixar o carro com segurança e sair para pedalar.
Nestes dois extremos da ciclovia, contamos com uma certa infraestrutura, com banheiros e bebedouros, também tem pontos de parada com banheiro, abaixo da ponte estaiada e da ponte do metrô, sendo que aos fins de semana tem também socorro mecânico para resolver pequenos problemas.
Na foto acima, feita no dia da inauguração, vemos o início da via na Vila Olímpia, em vermelho e com o ponto de parada coberto. Só que para acessar, veja a foto abaixo, precisamos subir alguns lances de escada, passar pela passarela sobre a marginal e descer pela escada no outro lado, para facilitar foram instaladas canaletas nas laterais das escadas, onde se encaixam os pneus e se empurra para cima e segura no freio para baixo, outra opção é carregar a bike nos ombros.
Como passa uma bike por vez, já se registraram congestionamentos de ciclistas esperando para acessar à passarela em alguns fins de semana ensolarados após a inauguração.É amigo(a), não sou de falar mal da minha amada cidade, só que congestionamento de ciclista também não dá, mas pelos menos não tem fumaça... porém eu dei sorte, nas quatro vezes em que pedalei lá até peguei uma filinha, pelo menos, não parada.
É, é ele sim nesta foto comigo, tive o enorme privilégio de falar e tirar uma foto com o grande Presidente Fernando Henrique Cardoso no dia da inauguração. Aliás neste dia houve um desfile de políticos, veja abaixo o nosso vampiro brasileiro, o sósia do Sr. Burns, o candidato a presidente José Motoserra pedalando...tinha até o argh prefeito e sua corja...
(Foto: Juliana Cardilli/G1)
Abaixo o portal de entrada e vamos pedalar...
O piso é muito liso e constante, uma delícia, mas cuidado em dias chuvosos, pois a pintura da pista deixa ela muito escorregadia quando molhada.
É muito bom e prazeiroso pedalar na nossa ciclovia, lá não tem carros, nem semáforos, pedestres ou buracos para atrapalhar. Na verdade sempre que pedalei lá, cruzei com carros passando (poucos), eles são de manutenção de CPTM, sempre circulando com cuidado e velocidade reduzida, mas só para atrapalhar só um pouquinho, tem algumas lombadas pelo trajeto. ;)
A ciclovia, fica na lateral da Marginal Pinheiros, entre a linha de trem da CPTM e o Rio Pinheiros. Na foto acima, podemos ver vários modais de transporte, à esquerda o trem, acima carros, caminhões e ônibus nos viadutos, o rio à direita que poderia ser limpo e navegável e a bicicleta ao centro, no dia em que eles foram integrados, poderemos ter menos trânsito e por consequência menos poluíção.
Em se tratando da bicicleta com o meio da transporte, a ciclovia deixa a desejar, pois a distância entre a entrada e a saída é muito grande e se houvessem mais saídas e integração ao trem e ônibus com paraciclos seguros, além de iluminação noturna, aí sim incentivaria o uso para locomoção ao trabalho.
Voltando ao prazer de pedalar, realmente a proximidade inédita com o rio, é muito boa, dá uma sensação muito boa este contato, a paz e o silêncio, é a retomada da convivência da cidade com o rio e é muito bonito, excepcialmente bonito.
Sabemos que os nossos rios estão sujos e poluídos, mas apesar disso, ainda tem muita vida por ali, nos meus pedais por lá, já vi capivaras, garças, alguns tipos de patos nadando, várias aves diferentes, vacas e cavalos pastando na outra margem, muito verde, flores e no sábado passado, até uma grande aranha eu vi cruzando a pista.
A cidade e o estado, já fizeram e fazem várias campanhas e testes para despoluir os rios e quem sabe esta proximidade com o rio, não se torne mais um incentivo para chegarmos a um tratamento final para a poluição de nossas águas? Se o podre e morto Rio Tamisa, que cruza Londres, foi despoluído e tem até peixes hoje em dia, porque nos não poderemos conseguir?
Acima e abaixo cenas da ciclovia, acima a vemos emoldurada com a arquitetura moderna dos prédios da Av. Eng. Luis Carlos Berrini, o novo centro empresarial da cidade e abaixo a vista do novo cartão postal paulistano a Ponte Estaiada, o "estilingão", um dos pontos de parada.
Na foto abaixo, vemos que a ciclovia tem muito para crescer ainda, esta é uma vista do sentido Marginal Tietê e Castelo Branco a partir da estação Vila Olímpia.
Acima a minha velha companheira de pedal a Specialized Hard Rock, ano 1996, quase original e com mais de 30.000km rodados, e agora que adquiri a Caloi Elite 2.4 turbinada abaixo, devo fazer uma grande reforma na Specialized e transforma-la em uma estradeira, tirando a suspensão, trocando rodas, pneus e relação, vou procurar aliar o que há de melhor em uma speed com o conforto e tecnologia de uma montain.
Minhas conclusões:
- A ciclovia é ótima para treinar, dá para manter uma média de velocidade bem legal e é bem segura. E tem ainda aquela coisa de tirar umas disputinhas e pegar vácuo com outros bikers. ;)
- Ainda não é ideal para incentivar o uso da bike como meio de transporte, mas pode ser com poucos ajustes e mais saídas e entradas.
- Você pode e deve conhece-la, pode ir pedalando ou de carro, mas tome cuidado com as distâncias eu por exemplo, saindo de casa pedalo mais de 47kms entre ida e volta e não moro tão longe.
- Tome muito cuidado com a sua programação, principalmente para com os iniciantes, sedentários, idosos e crianças, pois pedalar lá apesar de lindo e inesquecível, pode se tornar um pesadelo. Como já citei, o primeiro problema é a grande distância entre as suas pontas, então, você não precisa ir até o final, além disso não tem quase sombra, nem água ou lanchonete, poucos pontos de parada e não tem diversão para a criançada, lembre-se de que lá não é um parque.
- Vá precavido(a), leve protetor solar, muita água, algo para comer, como barrinhas, frutas ou salgadinhos e bastante disposição.
- Revise a bicicleta, pois se quebrar lá, terá de empurrar por vários quilómetros até conseguir conserto, se conseguir. Se possível leve câmera de reserva e remendos além da bombinha.
- Lembre-se que as bicicletas para as crianças, geralmente são as mais pesadas e não contam com câmbio, além de elas se cansarem mais facilmente.
- Outro cuidado é com o vento, em se tratando de um lugar descampado, o vento sempre está soprando forte e se pegar ele a favor na ida, se prepare, porque a volta será bastante desgastante, pois pegará o vento de frente e ele segura demais, parece que pedalamos com o freio segurando. Se for ao contrário legal a volta será no gás.
Eu por exemplo, no meu último pedal lá, peguei vento a favor na ida e sempre estava pedalando a mais de 30km/h (!), mas na volta, com muito esforço chegava a 25km/h, só melhorei a minha média quando peguei vácuo de dois speedeiros, que mesmo contra o vento iam tranquilos acima dos 30km/h, como pedalavam os caras, no final ainda me deixaram para trás só fui encontrá-los na filinha da saída.
Bem, só faço estas ressalvas, porque nas minhas pedaladas por lá, eu presenciei várias cenas preocupantes e evitáveis, como pessoas extremamente cansadas, pais despreparados empurando filhos, pessoas empurrando bikes quebradas ou com pneus furados, grupos ou mulheres e pais com crianças pequenas entrando felizes na via, pegando vento a favor, mas que eu sabia o que iriam ter de enfrentar a volta e todos eles ainda estavam ou estariam em algum momento bem longe das saídas.
Resumindo, a Ciclovia Marginal, é um grande incentivo ao pedal na cidade, mas não ainda não é um parque e deve ser encarada com respeito pelos iniciantes para não se tornar a primeira e a última experiência em cima bicicleta. Pois se colocar uma criança ou pessoa despreparada para pedalar lá pela primeira vez, sem as devidas precauções, a experiência poderá se tornar em um trauma, distanciando um possível futuro usuário da bicicleta, dos prazeres e benefícios que este esporte nos trás.
Para quem quer começar, recomendo a ciclo-faixa de domingo.
Bom passeio, bom pedal, boa saúde, ótima cabeça.
Alexandre Loschiavo
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