1ª Parte, no asfalto:
Minha história particular começa aqui, bem antes da pedalada.
Primeiro tive de convencer a minha mulher a me dar o alvará, uma árdua negociação e até a última hora eu não sabia se iria, mas na sexta chegamos ao acordo, ufa!!! (detalhe - eu já sabia desta viagem há quase seis meses!!!)
Legal, vou pedalar com centenas de ciclistas e ciclo-ativistas para o litoral e para variar, sempre antes destas aventuras eu não consigo dormir direito, mas aproveitei a insônia para fazer as minhas compras de mantimentos para a viagem, frutas, barrinhas de cereal e os frios para os lanches e para o café da manhã reforçado.
Mas uma coisa me deixava bastante preocupado: agora estou pedalando um bike speed, não tinha uma câmara reserva para o pneu aro 700 e seria muita imprudência da minha parte ir viajar sem uma. Teria então, de conseguir comprar uma ainda antes de pegar a estrada, mas a partida da galera estava marcada para as 7:00 horas da Av. Paulista...Bem, calculei que iria haver algum atraso e que centenas de ciclistas iriam andar em um ritmo tranquilo, então resolvi sair de casa às 7:45h, fazer um roteiro passando por todas as bicicletarias possíveis no caminho da Imigrantes e encontrar o grupo no caminho.
Fiz o trajeto pensado, achei várias bicicletarias fechadas e até uma distribuidora de peças para bicicleta abrindo, que porém não tinha a bendita câmara...mas chegando no Jabaquara, achei uma salvadora bicicletaria abrindo e finalmente consegui comprar o objeto de desejo, além de dar uma regulada nos freios, pois iria descer a serra pela Imigrantes.
Só que para aumentar a minha ansiedade, os mecânicos me falaram que viram "mil ciclistas" passando por eles e já fazia meia hora!!!
Tudo OK, vou buscar o grupo, vou no gás, aliás é para isso que a bike speed foi feita, pedalar rápido em estrada!!!
Logo nos primeiros quilómetros avistei um biker lá na frente e quando cheguei nele e perguntei se estava indo para a bicicletada, descobri que o cara ( o da foto acima) estava chegando de Florianópolis de ônibus e já tinha pedalado desde a rodoviária, exclusivamente para participar do evento, é o Fabiano Faga Pacheco, nem tinha tomado café da manhã e foi um dos poucos que conseguiu chegar no litoral, depois de mais de 24 horas de aventuras, muito louco !!!
No final deixo um link para o relato da sua aventura.
Depois de mais alguns kms, alcançamos o grupo, foi lindo, centenas de ciclistas, bikers, bicicleteiros pedalando rumo ao litoral e com escolta!!!
O grupo que se organizou via internet para fazer valer a lei e o direito constitucional de ir e vir, avançava compacto e ordenadamente.
Durante o trajeto, tudo seguia normal com apoio e curiosidade dos motoristas.
Porém não era esta a vontade da Polícia , que tentou várias vezes bloquear o "passeio", mesmo quando tentaram bloquear a massa na balança, com certa truculência, como se fosse água, nós escorríamos pelos vãos entre as viaturas ou indo a pé pela grama e depois pedalando. Acima a foto do primeiro grupo que conseguiu escapar do bloqueio, já no pedágio, porém metade ficou retida na balança.
Foto: Bruno Gola
Em todos os bloqueios existia uma penosa negociação, nós embasados na lei e eles na força e na determinação superior de impedir o progresso da massa, já cada vez mais agressivos e nervosos, algumas vezes empunhando armas e cacetetes, como se fossemos agredi-los com as nossas bikes.
Acima ciclistas retidos.
Acima a nossa heroína a ciclo-ativista mais antiga e atuante Renata Falzoni registrando e negociando. Abaixo tem um link para a vídeo reportagem dela.
Mas após desmembrarem o grupo em três partes, um na interligação, outro no pedágio e depois no Mac Donald's e aquele que ficou na balança, resolveram liberar todos para se reunirem no Km 40, abaixo dos viadutos da Interligação e a um passo da serra...mas impossível negociar.
Sendo assim, a massa foi perdendo a força e se dissipando, até dois ônibus foram arrumados, um para aqueles que gostariam de continuar a viagem e outro para os que quisessem voltar.
Concluindo, nós ciclistas e cidadãos, queriamos simplesmente ter uma alternativa para ir ao litoral pela nossa própria força, sem depender de carro ou qualquer outro meio de transporte poluente e fazer valer a lei do Código de trânsito Brasileiro Art. 58 (ver nos links), mas encontramos um enorme e dispendioso aparato policial que contava com coisa de 40 viaturas de PM, polícia rodoviária, dezenas de PMs fora os carros e homens da Ecovias, somente para impedir a nossa circulação, o que causou um trânsito de mais de 15 km na rodovia, sendo que se fosse cumprida a lei, com um pouco de simpatia e bom senso, a massa poderia ter seguido ao litoral com escolta e em poucos minutos a via estaria liberada e todo mundo feliz...
Não foi desta vez, mas continuaremos tentando.
Para saber tudo sobre a Interplanetária, a motivação, a inspiração em um movimento similar italiano, a lei completa, pontos de vista diferentes, aventuras, outras fotos e relatos, entre nos links abaixo:
Mas tem a volta...veja no próximo post.
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